Estadão 24h

Conrad Pichler
@Conrad_Pichler

Publicado em 05 de setembro de 2009

Purê de Letrinhas, por Conrad Pichler

A última que escutei nos balcões da vida foi: “Nem Sarney fecha o Estadão”. Claro, o rapaz – provavelmente um repórter de jornal – ironizava o presidente do Senado e elogiava o famoso Restaurante e Lanchonete Estadão, que fica no Viaduto 9 de Julho, pertinho do Metrô Anhangabaú, quase no encontro da Rua Xavier Toledo com a Rua da Consolação.

Sim, caro leitor, mais um balcão! Mas pode ficar sossegado; já levantava para uma moça linda sentar onde eu estava. A gente trocou dois olhares; um para eu oferecer o lugar, outro para ela agradecer. Tenho certeza que vou pensar nisso por um bocado de tempo…

Hoje, eu me servi de um gnocchi recheado de queijo com molho à bolonhesa (se você é caipira como eu e não sabe o que é “guinóche”, pode chamar de nhoque mesmo) e pedi a pimentinha para acompanhar e reforçar o tempero – que é feito para agradar a todos os paladares e precisa de uma pitada disso ou daquilo para ganhar mais corpo.

Mas o que tem uma moça linda a ver com o nhoque recheado e “um restaurante de redação” que nunca fecha? Calma, tudo a seu tempo…

Estou eu andando pela Rua da Consolação, já pensando no café do Floresta no Edifício Copan (o mesmo do qual o Flavio sempre ameaça me jogar pela janela durante as gravações do Papo de Gordo)… Quando eu paro no semáforo, me lembro que tinha ido ao Estadão com meu guarda-chuva (inverno úmido esse, não é?), dou meia volta e vejo, do outro lado da rua, a moça para qual cedi o lugar!

Ela sorri e aponta o guarda-chuva, eu dou um meio riso e alguma parte dentro de mim aponta para o céu agradecendo, não pelo guarda-chuva, claro; quando finalmente atravesso, encontro com ela, mais um sorriso e eu: “Você vai perder seu lugar” (cada lugar é muito concorrido no Estadão, acredite). Ela bem que poderia responder: “Imagina, isso não importa mais, não importa agora”; mas, ela vira e diz: “Meu namorado está guardando o lugar, relaxa”. Eu peguei o guarda-chuva e, enquanto ela se virava e voltava para o interior da lanchonete, acenei um gesto feio e um palavrão para o destino. O garçom – nunca me lembro o nome dele, mas é o mesmo que sempre me atende – disse: “É rapaz, vai chover, mas… não na sua horta”.

Dei uma espiada para ver quem era o tal namorado. Claro, era o oposto da minha figura e, estranhamente, me lembrei que foi o mesmo rapaz com pinta de repórter que disse: “Nem o Sarney fecha o Estadão”. Se soubesse disso antes, não teria incorporado essa fala na minha crônica; ou, ao menos, teria aproveitado meu lugar mais um pouco, esperado o segundo tempo do jogo do Palmeiras na TV 20 polegadas e, para finalizar, pediria uma sobremesa.

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7 respostas para “Estadão 24h”

  1. Camila Dias disse:

    Ai Conrad que dó!
    Adorei a crônica, tem algo no teu "escrever" que me faz imaginar um rapaz sentado nas margens de um rio, pensando numa Dulcinéia…
    Boa sorte no próximo balcão!
    Abraço!

  2. Tadinho do Conrad… o cara só se fode!
    :-P

  3. Litha Bacchi disse:

    Cara, eu sempre me fodo desse jeito. Quando acho que o cara tá me dando mole, dali a pouco tá ele perguntando "Onde que tá aquela magrinha bonitinha? Podíamos chamar ela pra almoçar, né?". Afff que raiva…

  4. Mariza Sales disse:

    Coragem Conrad… na próxima vc consegue….Continue tentado.

  5. Poxa,
    Eu só me ferro mesmo… mas, tenho algumas histórias pra contar e esse é o lado bom (ou quero acreditar que é).

    Valeu pelos comentários! ;)

  6. Só tenho uma coisa pra falar: Fantástico!
    Esses momentos são fantásticos por mais tristes que sejam eu sempre acabo rindo!

  7. Fernando Bittencourt disse:

    O perfil do Flávio no Twitter que tem link aí no post dá como página não encontrada. Ele excluiu o perfil?

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