Sociedade Brasileira de Cardiologia aperta o nó e reduz os índices de normalidade para o colesterol

Vinicius Tapioca
@DrTapioca

Publicado em 15 de agosto de 2017

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicou recentemente uma Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Nela a instituição expressa uma crescente preocupação dos especialistas: a grande taxa de mortalidade das doenças cardiovasculares causadas ou agravadas pelos altos índices séricos de colesterol e triglicerídeos e a consequente formação de placas nas paredes das artérias com redução da passagem de sangue por dentro delas (aterosclerose).

Essa nova determinação da SBC deverá ter um impacto significativo na forma de tratar os pacientes dislipidêmicos. É esperado que se aumente a prescrição dos hipolipemiantes e as suas dosagens. Já não é raro, por exemplo, encontrar pessoas usando 80mg de sinvastatina. E elas poderão ter que migrar para drogas mais potentes para alcançar as novas metas. Na atual economia, isso pode afetar profundamente a vida de milhares de pessoas que já vivem com o orçamento apertado.

Por outro lado, o medo de ter que gastar mais dinheiro com remédios pode estimular uma mudança nos hábitos de vida, uma melhora na nutrição e um incentivo à atividade física. O que não adianta é fechar os olhos para os fatos, caso contrário, vira-se estatística.

O que muda?

Os novos parâmetros estipulam valores ainda menores para o LDL-Colesterol (LDL-C), chamados por alguns de “colesterol ruim”. Também mexem no Colesterol Total, que teve seu valor normal reduzido de 200mg/dl para 190 mg/dl. Já o HDL-Colesterol (HDL-C), dito “colesterol bom”, agora deverá estar acima de 40mg/dl em todos os pacientes adultos (> 20 anos). Os triglicerídeos mantiveram seu valor normal em < 150mg/dl. Todos esses valores são para exames realizados em jejum.

Faixas de risco

A definição do grau de risco de cada paciente é determinada pelo médico por meio de escores, que são calculados de acordo com faixa etária, gênero, tabagismo, diabetes, hipertensão etc. Para facilitar a vida dos nobres colegas, a SBC disponibilizou um aplicativo gratuito que calcula rapidamente esse risco (https://play.google.com/store/apps/details?id=com.mflogic.calcsbc).

São elas:

  • Risco muito alto: pacientes com doença aterosclerótica significativa, seja ela coronariana (história de infarto do miocárdio, por exemplo), cerebrovascular (acidentes vasculares cerebrais) ou periféricas (amputações por isquemia).
  • Alto risco: aneurisma de aorta abdominal, pacientes renais crônicos ou diabéticos (1 ou 2) com fatores de risco associados (hipertensão, tabagismo, idade, história familiar de doença cardiovascular etc).
  • Risco intermediário: principalmente diabéticos sem fatores de risco associados.
  • Baixo risco

A grande novidade é a inclusão da faixa de risco muito alto. Na antiga diretriz (outubro/2013) só se consideravam os outros três níveis: alto, intermediário e baixo. Com isso a SBC estratifica ainda mais os grupos de pacientes, estipulando metas específicas para cada um deles, visando assim uma diminuição na incidência de eventos cardiovasculares fatais e não fatais em toda a população.

Os valores do LDL-C continuam variando de acordo com a faixa de risco que o paciente se encontra. De acordo com a nova diretriz, os pacientes considerados de risco muito alto deverão manter nos níveis do LDL-C abaixo de 50mg/dl. Os de alto risco mantém o valor < 70mg/dl. Já os de risco intermediário deverão ficar com valores < 100mg/dl. Por fim, os de baixo risco continuam sendo aceitos níveis até 130mg/dl.

Quanto ao tratamento e formas de se alcançar essas metas, continua valendo a boa alimentação, exercícios físicos regulares, hábitos de vida saudáveis (evitar tabagismo, sedentarismo e estresse, por exemplo) e, havendo necessidade, inclusão de terapia medicamentosa. Novas drogas estão sendo desenvolvidas e algumas novidades já estão no mercado, aumentando o leque de opções do médico assistente, indo além das famosas estatinas.

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