Publicado em 10 de outubro de 2009
– Quanto tempo? Ah… deixe-me ver… uns 20 minutos?… OK, eu encontro com vocês lá. Abraço!
Assim que desligo o celular, olho pelo retrovisor para o banco de trás do táxi e pergunto para minha colega de trabalho se ela gostaria de me acompanhar numa feijoada com alguns amigos…
– … É uma reportagem especial, por sorte é no meu prédio, você conhece o Copan?
– Não. Sim.
Ela sorri e disfarça.
– Conheço o prédio, mas não posso ir, tenho marcado outra coisa.
É, eu entendo.
– Sim… entendo…
Melhor é sorrir e mudar de assunto, perguntando alguma coisa banal para o taxista:
– Uns 20 minutos até o Copan, né?
– Sim, hoje o dia está calmo.
Não, não está. Eu havia acabado de passar por um estresse danado com um curso que levou muito tempo para preparar: pesquisa, produção de uma apostila, apresentação, etc. Por sorte, os ouvintes foram ótimos. Encontrei até o professor de teatro da minha escola lá, o Manoel; foi bom, o conheci melhor.
Depois de algumas horas, tudo tinha acabado e o peso da semana caiu sobre meus ombros. Eu só precisava de… Foi então que recebi a ligação do Flavio (aquele que ameaça me jogar do alto do Copan – mas, quando teve oportunidade, não cumpriu). Ele ia cobrir o Dia do Cliente, uma feijoada na Pizzaria Copan, e estaria acompanhado de Camila. Era tudo que eu precisava: boa conversa, boa comida e caldinho de feijão.
Como moro num “kitnet”, a Pizzaria Copan é quase a cozinha da minha casa. Já jantei lá tantas vezes que perdi as contas. Devo conhecer todo o cardápio de pizzas (tem uma opção interessante de tamanho: prato individual; para quem come sozinho vale a pena). E há pouco tempo eles começaram a servir feijoada de quartas e sábados.
Quando o táxi chegou ao prédio, imaginei que o tempo que levaria guardando minhas coisas no apartamento seria o tempo de Flavio e Camila chegarem. Mas, na verdade, fiquei esperando um bom tempo ao pé de uma árvore ou à sombra da banca de revistas.
Só conto isso porque foi ótimo: notei quanta gente caminha por essas calçadas do Centro em um sábado, gente totalmente diferente dos engravatados da semana ou dos vultos misteriosos da noite, gente comum: bermuda, boné, óculos escuros e cachorro – menino ou menina, sempre nesse esquema.
Quando encontrei Flavio e Camila, contei poucos segundos para ouvir a piada:
– Tio Conrad está bem vestido… – disse Camila.
– É exame?… de fezes?… de toque? – atravessou o Flavio.
Eu sabia que Flavio não resistiria.
Como sempre, as pessoas nos recebem muito bem na Pizzaria. Deixaram a gente escolher o melhor lugar, “o meu lugar”. Enquanto provávamos o caldinho de feijão, Flavio bateu um papo com a Paula Daidone, que faz a comunicação do negócio.
Logo almoçamos a famigerada feijoada com o devido deleite e silêncio.
Raimundo, dono do lugar, sentou para conversar, contou sua história de luta e de vitória e mostrou-se sereno com a repercussão recente do seu negócio na mídia. Não seria diferente, depois de tanto tempo de trabalho árduo, sendo o primeiro a chegar e o último a sair; ele que conhece cada um dos seus funcionários e a maioria dos seus clientes freqüentes.
Justo por isso, ele deve ter estranhado. Eu sempre comi lá, nunca falava muito, aparecer como correspondente do Papo de Gordo… bom, na verdade, o único que trabalhou de verdade foi o Flavio, já que eu só comi, conversei com amigos, descansei meu coração e conheci melhor as pessoas que trabalham “na cozinha da minha casa”. Quanto ao fato de Flavio só conseguir provar o fantástico pudim de leite depois de eu ter tomado meu café e “palitado meus dentes”? Eu diria: quem manda ameaçar de jogar pela janela um dos anfitriões?!
Bah, o que vou falar em minha defesa?
Em primeito lugar, tenho que dizer que a cozinha do Conrad é maravilhosa!
Em segundo lugar, sinto muito pelo atraso, amigo! (Não peço desculpas pela piada, esquece!)
Em terceiro lugar, é sempre muito bom estar na companhia desse amigo!
Valeu, Conrad! Abração!
Deu até vontade de comer feijoada! XD
Como sempre Titio Conrad manda muito bem no texto!
Belo post , tem dias que somente o que queremos é jogar um pouco de conversa fora e dar algumas risadas. Qto a comida eu particularmente adoro feijoada , quer dizer o feijão da feijoada, para as carnes eu não ligo mas um arroz com aquele feijão e uma pimentinha de cheiro……..
Caracas, que louco. Me deu água na boca ouvir sobre essa Pizzaria Copan. Acho que um dia, Kell e eu iremos visitar a sua cozinha Titio Conrad!!! ^^
Muito bom o texto, senti firmeza nessa cozinha xD