Gordices em Belo Horizonte

Lucio Luiz
@lucioluiz

Publicado em 05 de maio de 2010

Gordo de Raiz, por Lucio Luiz

Adoro Minas Gerais. Vou deixando isso claro logo de cara. Mineiro é minha segunda nacionalidade (sim, eu sei que isso está conceitualmente errado, mas vai reclamar de algum outro erro qualquer do texto e deixa esse gracejo em paz). Apesar disso, praticamente só conhecia o Sul de Minas até alguns dias atrás, quando finalmente viajei para Belo Horizonte.

Minha visão clássica de Minas Gerais, portanto, sempre foi influenciada pelas simpáticas cidades sul-mineiras: Comida barata e farta, pessoas simpáticas (dizem “bom dia” pra qualquer um que passe) e léguas e mais léguas de estradas entre uma cidade e outra (embora, se você perguntar pra qualquer mineiro se falta muito pra chegar na próxima cidade, ele vai dizer que é “logo ali” mesmo a 40 quilômetros de distância).

Depois de anos com preguiça de pegar a estrada até a capital mineira, finalmente precisei ir a BH (como é chamada por todo mundo que não fale “Belzônti”) por causa de um congresso. Por esse mesmo motivo, meu cronograma não era tão extenso para o turismo, mas como não podia deixar de fazer gordices, inventei tempo pra conhecer ao menos o básico da cidade e, claro, aprofundar meu conhecimento sobre a culinária mineira.

Como estou acostumado com o trânsito caótico entre o Rio e a Baixada Fluminense e já dirigi várias vezes em São Paulo, o trânsito de Belo Horizonte não me assustou. Na verdade, achei até tranquilo para um cidade tão grande. Outra coisa que me chamou a atenção foi que em vários pontos da cidade havia mansões gigantes e cada carrão que vou te contar… Não lembro do GPS ter me mandado seguir por nenhum caminho que não passasse por vários exemplos de muita grana.

Só que o lado turístico em BH não é tão grande assim. Tudo bem que há eventos, exposições e coisa e tal, mas pelo meu tempo curto eu queria ser um “turista de pontos turísticos” e acabei me concentrando na Lagoa da Pampulha (especialmente porque o congresso era na UFMG, que fica por lá).

Dei uma volta completa na lagoa de carro, visitando a Igreja São Francisco de Assis, o Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile e tudo o mais que tinha por lá (incluindo mais uma porrada de mansões, que só vi de longe, claro). Só não pude visitar o Mineirão porque o governador resolveu fazer uma presepada política qualquer por lá e o estádio fechou para os turistas justo naquele dia.

“E comida, pombas?”, pergunta o leitor paciente, “Você vai enrolar quanto tempo mais antes de falar do que interessa?”

OK. Vamos lá. Depois de um período no spa a pior coisa que eu poderia fazer é um turismo gastronômico em Minas. Mas quem disse que eu tenho bom senso?

De cara, minha noiva fez uma pesquisa básica nos arredores do hotel (sempre tive preguiça pra pesquisar restaurantes nas cidades que visito) e zarpamos para o Emporium Mineiro, um simpático restaurante com um fabuloso sanduíche de filé mignon. No dia seguinte, por falta de opção (na verdade, porque fiquei com preguiça de pesquisar direito), fui comer no Shopping BH logo depois de minha apresentação no congresso. Embora quase o tempo todo eu tivesse a sensação de ter me teletransportado para o Barra Shopping, encontrei um restaurante argentino típico por lá e fingi que era típico enquanto comia um bife.

Mas foi no meu último dia em BH que, em suas pesquisas, minha noiva encontrou a porta que leva para o Céu.. ou para o Inferno, já que a gula é um pecado e eu sempre me esqueço disso. No meio de várias ruazinhas apertadas (Deus abençoe o inventor do GPS), espremida entre trocentas mansões (eu já falei que me impressionei com o volume de mansões em BH?), estava o restaurante Xapuri!

Nós ficamos quase duas horas por lá. Carneiro, escondidinho, pão de queijo, torresminho pururuca (ah… torresminho pururuca…), doces, queijos, uma infinidade de comida na minha frente! Era obrigação moral dar conta daquilo tudo! Terminei o almoço com um sorriso maior que o do gato do País das Maravilhas e uma vontade de voltar lá e pedir o “porco assado para vinte pessoas” que tinha no cardápio. Se eu vou com 20 pessoas, já é outra história.

Sei que poderia comer mais, porém não tinha tempo. Precisava aproveitar o restinho do feriadão seguindo para Ouro Preto (que vai ganhar uma coluna específica na semana que vem) e, claro, pra Lagoa Dourada, já decantada em verso e prosa semana passada. Meu último ato de alimentação em BH, portanto, acabou sendo nem um pouco típico: Resolvi fazer um “lanchinho da madrugada” no McDonald’s que ficava na frente do hotel.

O único problema é que, só quando cheguei lá, cheio de gula (ó o pecado aí de novo), descobri que apenas o drive-thru era 24 horas. Solução: Exercitei minha mineiridade e entrei na fila, a pé mesmo, atrás dos carros. Mas fiquei segurando um volante imaginário para disfarçar. Tá achando que sou bobo, uai?

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9 respostas para “Gordices em Belo Horizonte”

  1. João Paulo disse:

    ahaaha, gostei sou de BH e adorei o texto muito bem lembrado das "mansões de BH". Um ponto fraco em bh é o turismo e um ponto forte é o Cruzeiro !!!
    hahaah dale zeeero

  2. NZR disse:

    Eu sou um Belo Horizontino e fiquei muito grato com o post.
    Sabia que BH tem mais boteco por km2 do que qualquer lugar do Brasil?
    Falta de Praia? Lugares turisticos? Congresssos?
    Um grande abraço. É pro lúcio né? Entrei pelo link do twitter e caiu nesta pagina sem assinatura.

    Alias, tenho 96 kilos só por hoje (posso melhorar)

    NZR

  3. Junior Batista - Itu disse:

    Uhm…sei. esse papo de "aprofundar meus conhecimentos sobre culinária Mineira" é desculpa pra comer em todo qualquer lugar o quanto quiser. HAHA! muito bom o Post, fiquei com mais fome ainda.

  4. Tayla Olandim disse:

    Wow. Você (sua noiva) acertou em cheio: O Xapuri é o melhor restaurante que conheço por aqui. Que bom que vocês nem tentaram a comida da UFMG, é intragável.

    O problema das mansões aqui é fácil de te explicar: BH é a capital dos políticos, sério. O povo fica falando para bombardear brasília, mas aquelas pragas ficam mesmo é por aqui nos 6 dias da semana que eles tem de feriado. Daí que surge tanta mansão. (principalmente na orla da lagoa. O que eu nunca vou entender porquê, já que o lugar fede e inunda quando chove…)

    Agora, turismo é tenso. Deve ser unanimidade que mineiro é tudo burro mesmo e que a gente não precisa de cultura, não tem outra explicação…

  5. Vinícius Mora disse:

    Sou de Beagá e fiquei orgulhoso do post…mas você deixou de visitar o Bar do Bolão… a melhor comida di buteco de MG, e os restaurantes Celeiro de Minas e Tradiçao da Roça. São restaurantes excelentes que nao perdem em nada pro Xapuri.

  6. Lucio Luiz disse:

    @Vinícius, fiquei pouco tempo por lá e não deu pra explorar muito, mas pode deixar que já vou anotar esses restaurantes na minha lista pra próxima vez que eu visitar Belo Horizonte :)

  7. Marcelo Maciel disse:

    Lúcio,
    Quando comecei a ler seu texto pensei: Tomara que ele tenha ido ao Xapuri, para mim o melhor restaurante típico de Belzonte…
    Da próxima vez que vier e quiser um prato típico vá almoçar no restaurante Maria das Tranças, lá tem o melhor frango ao molho pardo da cidade.
    O dia que forem fazer um papo de Gordo turismo gastronômico de belo horizonte ou de Minas Gerais me chamem para participar que dou várias dicas deste Estado com uma culinária bem rica e diversificada.

    Marcelo Maciel
    Belorizontino, atualmente com 96kg (Quando comecei a ouvir o Papo de Gordo cheguei aos 103, mas com um grande esforço voltei ao meu peso habitual)

  8. […] Crônica originalmente publicada em 5 de maio de 2010 no Papo de Gordo. […]

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