O emagrecedor do futuro – parte 5: Dias de um futuro esquecido

Lucio Luiz
@lucioluiz

Publicado em 29 de outubro de 2012

Gordo de Raiz, por Lucio Luiz

Diário pessoal – entrada nº 008
31 de outubro de 2112, nos arredores do que deveria ser Nova Bacon, Brasil

Voltei para meu tempo presente depois de cumprir a missão de destruir o autômato enviado pelas balanças malignas para alterar o passado. Na verdade, eu não precisei fazer absolutamente nada, já que ele foi vilipendiado por um homem das cavernas, um cuidador de cabras e, finalmente, por um moleque punk. De qualquer forma, tecnicamente falando, cumpri minha missão e isso que me importa. Então, programei minha máquina do tempo para me levar exatamente para o mesmo dia em que viajei para o passado. Com isso, meus companheiros de luta saberiam imediatamente que tudo deu certo, mas não foi bem isso que ocorreu.

Minha primeira indicação de que havia algo de muito errado foi quando cheguei a Nova Bacon. Simplesmente não havia Nova Bacon! Primeiro, acreditei que nos dois segundos em que estive fora (do ponto de vista do tempo contínuo dos que ficaram, claro) as balanças teriam finalmente encontrado nossa cidade secreta e destruído todo mundo. Mas não era isso que tinha acontecido.

Onde deveria estar nossa cidade fortificada, havia apenas um imenso campo vazio. Depois de ficar em decúbito fetal chupando dedo por algumas horas (fiquei apavorado, me processe!), resolvi vasculhar nos arredores. O risco de ser destruído por uma máquina malvada era o de menos. Afinal, se não havia mais nenhum humano vivo, de que me adiantava viver? Não tenho vocação para Adão (dependendo da Eva, é claro).

Depois de andar bastante, encontrei uma pequena cidade. Cheia de pessoas! Notando minha fome (não comia desde que chegara), me ofereceram um prato de bacon com Coca-Cola. Pelo Santo Macarrão! Mesmo na viagem através do tempo, eu não tinha tido a oportunidade de comer bacon e agora eu tinha um prato cheio do que eu acreditava ser um alimento extinto! E ao lado da bebida sagrada de nossa religião, cujos ingredientes apenas os altos clérigos conhecem!

Perguntei sobre as máquinas malignas, no que as pessoas me olharam como se eu fosse doido. Eu ia pedir para me explicarem o que estava acontecendo quando pediram para eu esperar um pouco porque iria começar a exibição do episódio 2.674 do Papo de Gordo com os clones de terceira geração dos membros originais do podcast! Notando meu estranhamento, uma das pessoas me disse que aquele era o momento mais esperado da semana: quando os arautos da sociedade gorda profeririam suas palavras de sabedoria, o que faziam há mais de um século!

Foi então que realmente notei que todos naqele ambiente eram gordos. Alguns gordões, outros gordinhos, outros só barrigudos… Mas todos se respeitavam e eram felizes. Ouvi o podcast (era a quinta edição do que eles chamavam de “Gordobox”, o que não ocorria há mais de 50 anos). Chorei emocionado. Ao final, todos deram as mãos e cantaram hinos de louvor à comida nada saudável.

Sem querer (e sei lá como), algo que eu fiz no passado mudou tudo! As balanças não adquiriram autoconsciência, a humanidade não foi destruída e, seguindo os ensinamentos do Papo de Gordo, a sociedade evoluiu para um mundo em que todo mundo podia comer o que quisesse sem culpa e todos eram felizes! Tudo graças ao centésimo episódio desse podcast, 100 anos atrás!

Ontem foi o dia mais feliz da minha vida. Pena que resolvi aprender a usar a neuronet e iniciei uma comoção tão grande ao falar no Faceorkut sobre como me senti ouvindo o Papo de Gordo que, através das reações processadas nos sistemas computadorizados, as balanças adquiriram autoconsciência e resolveram escravizar a humanidade!

Já falei que eu odeio viagens no tempo?

FIM

—–

PS: Não deixe de ouvir o Papo de Gordo 100 amanhã e faça sua parte para a evolução da sociedade! ;)

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2 respostas para “O emagrecedor do futuro – parte 5: Dias de um futuro esquecido”

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