Os 50 maiores gordos dos quadrinhos: Brasil-sil-sil!

Lucio Luiz
@lucioluiz

Publicado em 01 de setembro de 2010

O Brasil tem vários artistas talentosos trabalhando com quadrinhos, então era de se esperar que, na eleição dos 50 maiores gordos das HQs, tivéssemos vários representantes tupiniquins (13, para ser preciso). Como não poderia deixar de ser, o brasuca melhor colocado é o Bolão (8º lugar). Se você não está ligando o nome à pessoa (ou, no caso, ao personagem), ele é o gordinho que, junto com Reco-Reco e Azeitona, forma o trio criado por Luiz Sá nos anos 1930 para para a revista Tico-Tico, a primeira publicação brasileira a contar com quadrinhos (fora lançada em 1905).

Contudo, quando falamos dos quadrinhos nacionais, é praticamente obrigatório falar de Mauricio de Sousa, o mais bem sucedido autor brasileiro de HQs. O criador da Turma da Mônica conseguiu emplacar quatro personagens seus no “top 50”: Pipa (16º lugar), Mônica (23º), Jotalhão (29º) e Quinzinho (36º). Se fosse um “top 100”, talvez conseguisse aparecer com vários outros, já que o “universo mauriciano” é pródigo em gordinhos com as mais variadas personalidades e que sempre se destacam, mesmo quando são coadjuvantes.

Pipa, por exemplo, é para muitos a personagem da Turma da Tina com mais personalidade. Embora esse tenha sido o grupo de personagens de Mauricio que sofreu o maior volume de alterações no decorrer dos anos (de galera hippie a pós-adolescentes que resolvem mistérios), Pipa sempre foi muito utilizada para uma grande variedade de histórias, especialmente as que mostravam, com humor, seus problemas com a balança, ataques de ciúme e muita falta de noção. Ela pode talvez ser considerada a mais humana do grupo, tanto que até gerou uma ótima história dramática criada por Fernanda Chiella no álbum MSP +50 (no qual autores diversos recriavam persoangens do Mauricio).

Jotalhão, o “elefante mais amado do Brasil”, nem precisa de comentários. Só o fato de ser um elefante já o credenciaria como gordo, mas as histórias da Turma da Mata na qual ele tem problemas (cômicos, por sinal) por causa de seu peso, são melhores que as de muitas pessoas que tentam fazer graça com gordinhos. Já a Mônica, merece uma observação importante: Embora ela tenha a mesma “forma” (eu precisava de um circunflexo aí, mas a reforma ortográfica aboliu o acento diferencial só pra atrapalhar a minha vida) das outras crianças da turminha, sua alcunha de “gorducha” tem razão de ser, já que ela era realmente bem gordinha (e absurdamente mal encarada) quando surgiu pela primeira vez nas tirinhas do Cebolinha. Mesmo assim, apesar de ser uma das melhores personagens de quadrinhos de todos os tempos, não está tão bem posicionada na lista dos maiores gordos porque hoje em dia lhe falta um tanto de “gordice”, afinal.

Por fim, Quinzinho é um personagem secundário praticamente desconhecido por quem não acompanha os gibis atualmente. Namorado da Magali (que até mereceria uma “honra ao mérito” na lista pelo tanto que come) e sem muitas características marcantes, ele merece seu lugar no “top 50” porque é a única criança realmente gordinha da turma e, mais importante, é também o único adolescente gordo do gibi Turma da Mônica Jovem (inclusive, já teve um certo destaque num arco de histórias sobre a Magali, no qual ficou com baixa autoestima por achar que ela o estava ignorando; mas ainda tenho esperança de que o utilizem melhor em alguma história que aborde os problemas pelos quais passam os adolescentes acima do peso).

Embora Mauricio seja o mais conhecido do grande público, há uma infinidade de quadrinistas brasileiros importantíssimos com personagens que figuram no “top 50”. Um que certamente merece destaque é Henfil, criador do Fradim (24º lugar). O personagem politicamente incorreto e altamente crítico era uma das vozes que se levantavam contra a ditadura militar em histórias tão ácidas que foram rejeitadas por editores norte-americanos (o que só mostra o quanto eram realmente boas). Já nos anos 1980, mesmo com o início da abertura política, o quadrinho de humor brasileiro continuava em alta, pegando pesado com a as piores características da nossa sociedade. Nesse contexto, surgiram os personagens Bibelô (38º lugar) e Capitão (dos Piratas do Tietê, 39º), respectivamente criados por Angeli e Laerte, dois dos maiores cartunistas do país.

Ainda no campo das tiras diárias, temos Radicci (32º lugar) e Urbano, o aposentado (45º). O primeiro, criado por Iotti, é uma “caricatura” dos colonos italianos do sul do Brasil: Gordo comilão e beberrão, machista, mal humorado, preguiçoso e amante dos vinhos. Suas tirinhas são adoradas especialmente pelo pessoal da Serra Gaúcha, local retratado pela maioria de suas histórias. Já Urbano, criado por Antônio Silvério, é publicado em O Globo desde 1986, quando venceu um concurso promovido pelo jornal. O divertido aposentado, caprichadamente gordo, adora uma boa feijoada mas tem que fugir da marcação cerrada de sua empregada, que não o deixa comer coisas gostosas por causa da saúde (quem nunca passou por isso?).

Mostrando que o talento tupiniquim é universal, um dos personagens mais querido pelos leitores do gibi do Zé Carioca é Pedrão (27º lugar), que foi criado pelo brasileiro Ivan Saidenberg para aumentar o rol de coadjuvantes do papagaio da Disney. O cachorro gordo (não é xingamento, já que ele é um cachorro mesmo, oras) faz a melhor feijoada do mundo e trata com muito carinho sua jaqueira (só mesmo um gordo pra plantar jaca no quintal). Outro gordo brasileiro importante é o menino chamado exatamente de O Gordo (18º lugar). Criado por Ely Barbosa, o garoto era líder de sua turma (algo que não era muito comum para um gordinho, ainda mais em histórias infantis) e chegou a ter um gibi próprio publicado nos anos 1980.

O último brasileiro do “top 50” que falta ser citado é o detetive Diomedes (33º lugar), criado por Lourenço Mutarelli para a trilogia composta pelos álbuns O dobro de cinco (que deve virar filme), O rei do ponto e A soma de tudo. Diomedes é um delegado de policia aposentado que resolveu virar investigador particular. Seu estilo visual é bizarro (no bom sentido), assim como as histórias criadas por Mutarelli, que foge de vários padrões estéticos para criar um personagem único, cheio de defeitos e angústias.

Pelo que deu pra perceber, mesmo quando pegamos apenas os personagens gordos nacionais temos uma enorme variedade de personalidades, estereótipos e conceitos. Não pude aprofundar tanto quanto gostaria cada um deles, mas a partir de amanhã teremos posts especiais para cada um dos “top 5”, onde tentaremos mostrar as principais características dos primeiros colocados entre os 50 maiores gordos dos quadrinhos.

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Para conhecer melhor alguns personagens:


As tiras clássicas da Turma da Mônica

(conheça a primeira “versão” da Mônica: baixinha, gorducha e dentuça mesmo)

O livro negro do Radicci

(algumas das melhores histórias do politicamente incorreto personagem)

Piratas do Tietê

(livro de bolso com algumas ótimas tirinhas selecionadas dos Piratas)

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Clique aqui e confira todas as matérias sobre os 50 maiores gordos dos quadrinhos.

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11 respostas para “Os 50 maiores gordos dos quadrinhos: Brasil-sil-sil!”

  1. @GustavoPereira disse:

    É verdade que quadrinho de gordo tem menos personagens pq não cabe todo mundo?

    • Zeca Rocêro disse:

      Parabéns, Gustavo, pela piadinha até bem engraçada mas, acima de tudo, sem ter medo do "politicamente correto". Espero que a Débora relaxe (se quiser, pode gozar também) e se divirta conosco. Inté !

  2. Débora disse:

    Não é porque não cabe todo mundo, é pra que a história não fique complexa demais e todos os ignorantes, feito você, possam entender.

    • @Gustavopereira disse:

      Zeca e querida Débora, senso de humor não faz não mal a ninguém. Foi só uma piadinha. Sou gordo e acho válido fazer piada disso. Se vc é infeliz com a sua situação me desculpe.

      Como o "gordinho cheiroso" disse: evolua para uma pessoa que sabe rir sem perder a cabeça.

      • @Gustavopereira disse:

        Obrigado Zeca, vc soube achar humor num comentário politicamente incorreto. :D Tá vendo???

        • Débora disse:

          Ei Gustavo, infelizmente a internet não tem o tom para dar ironia ou mostrar que é uma piada, como eu não te conheço e não sei nada de você aí acabei entendendo apenas como se fosse um comentário preconceituosos, entendeu? De toda forma, também faço piadinhas com meu tamanho, foi apenas incompreensão de internet mesmo. :)

  3. Gordinho cheiroso disse:

    Ixi… a Debora é uma gordinha complexada…
    Evolua mulher!

  4. Parabéns pela pesquisa e iniciativa pessoal.Divulgamos a matéria com créditos no blog da República dos Quadrinhos, vlw?
    Abraços cordiais!

  5. […] que a Mônica tenha ficado bem colocada na lista (foi a 23ª), mas no texto que escrevi na época, expliquei que o problema era apenas uma certa falta de “gordice” na personagem […]

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