Nova polêmica envolvendo remédios para emagrecer

Larissa Portela
@larisportela

Publicado em 28 de abril de 2011

O emagrecimento com o auxílio de remédios não é um assunto novo aqui no Papo de Gordo. Já ouvimos o relato de pessoas que tomaram sibutramina, já discutimos a proibição desse medicamento pela Anvisa e também diversos assuntos relacionados. Mas o assunto está longe de esgotar: O uso de anorexígenos – medicamentos que tem por função reduzir a sensação de fome e, consequentemente, reduzir a ingestão de comida – gera polêmica também devido ao fato de apenas “mascarar” a real relação que a pessoa que sofre de sobrepeso ou obesidade tem com a comida.

Por que remédio?

A mais nova polêmica é o questionamento se de fato existe a necessidade desses remédios no processo de emagrecimento a ponto de não existirem outras formas de atingir esse objetivo. O médico Pieter Cohen, professor-assistente e pesquisador na área da obesidade e emagrecimento da Harvard Medical School, afirmou em entrevista que esses tipos de remédios devem ser proibidos. Ele acredita que os riscos que eles trazem são maiores que seus benefícios.

Segundo o pesquisador, quando uma pessoa usa anorexígenos, busca somente seus efeitos favoráveis: a redução de apetite e o consequente emagrecimento. Porém, os efeitos colaterais são pouco divulgados. Por serem derivados de anfetaminas, seu uso prolongado pode causar vício, sintomas e síndromes psiquiátricas como surtos psicóticos, depressão e mania. Já em curto prazo podem causar taquicardia (e assim, problemas cardíacos), irritabilidade, boca seca e insônia.

Além disso, Cohen também defende que reeducação alimentar e prática de exercícios físicos são os melhores e mais saudáveis métodos de perda de peso. Para ele, o uso de medicamentos como a sibutramina não tem utilidade alguma no emagrecimento. O melhor a se fazer, afirma, é seguir as indicações tradicionais de alimentação saudável e atividades físicas.

Às vezes, o problema vai além

A despeito das afirmações polêmicas do médico, sabemos que não são todas as pessoas que têm facilidade em aderir a um programa de reeducação alimentar e um plano de atividades físicas. Antes de julgar a pessoa como “desmotivada”, “preguiçosa” e com falta de “força de vontade”, os profissionais de área de saúde, familiares e amigos devem entender que existem condições emocionais e psicológicas que vão muito além do apenas “fechar a boca”.

Os anorexígenos auxiliam enquanto estão presentes, mas o problema continua ali. Geralmente, assim que seu uso é suspenso, é muito provável que o peso seja recuperado caso nenhuma questão emocional tenha sido trabalhada e nenhum hábito alimentar tenha mudado de fato. Diminui-se a quantidade de alimento por um fator químico. Quando este cessa, os demais efeitos também cessam.

A pessoa que sofre de obesidade ou sobrepeso geralmente apresenta dificuldades sociais e emocionais. É preciso tratar a obesidade como a representação de questões mais complexas e não como a questão em si. Nesses casos, a obesidade é a expressão de questões maiores que estão por trás do que pode ser observado, tornando assim pouco eficazes tratamentos que visam o emagrecimento sem abordar tais questões, como o uso de medicamentos. Antes de tratar o sintoma, para uma intervenção eficaz, é preciso trabalhar o que está provocando este: quais sofrimentos, angústias, compensações estão sendo mostradas naquela condição. Somente assim, após a real função da comida na vida dessa pessoa ser trabalhada e mudada que intervenções usuais poderão ser utilizadas de forma satisfatória a longo prazo.

Pelo visto, as polêmicas sobre o uso de remédios para emagrecer não terminarão tão cedo.

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Fonte:
“Remédios são tentadores, mas devem ser proibidos”, diz médico

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9 respostas para “Nova polêmica envolvendo remédios para emagrecer”

  1. "Antes de julgar a pessoa como “desmotivada”, “preguiçosa” e com falta de “força de vontade”, os profissionais de área de saúde, familiares e amigos devem entender que existem condições emocionais e psicológicas que vão muito além do apenas “fechar a boca”."

    Então nesse caso estas pessoas precisam de um psicólogo, não de remédios.

    Ótimo post, vou divulgar por aí.

    Abraços!

  2. Brunno Elias disse:

    Concordo que a preocupação tem de ir além do remédio. Com meus clientes, ao elaborar um plano de atividade física, proponho mudanças progressivas, sem sustos, sem remédios, e com prazos longos para os resultados mais importantes. Com calma, é possível atingir o peso corporal saudável mantendo boa saúde.

  3. Alex Mendes Vasconce disse:

    Como todos os problemas complexos, a obesidade deve ser tratada de forma multidisciplinar. Realmente impossível ignorar a variável psicológica!

    • A grande verdade é que a única motivação que faz um gordo mudar de vida, é quando ele fala pra si mesmo: Vou mudar… mas de verdade, sem demagogias ou enganação. Eu vou mudar.

      Enquanto esse texto bonito de "eu vou mudar" for falado àos quatro cantos, à parentes, à amigos ou exclamados sentado a frente de uma TV comendo alguma coisa gostosa… ele vai continuar gordo.

  4. Após 30 dias de tratamento com o Dr. Cristiano Merheb, da clínica Espaço Merheb e filho do primeiro nutrólogo Brasileiro, Dr. Alexandre Merheb, senti gigantesca diferença nos hábitos alimentares, o corte de carboidratos com acompanhamento médico, suplementos, repositores e fases, me fez perder manequim do 56 para o 46 em muitíssimo pouco tempo. Claro que tudo começou com a força de vontade heróica de mudar de vida em um estalar de dedos… consequentemente a autoconfiança e a felicidade em ver resultados me fizeram procurar o Jiu-Jitsu e redescobrir o prazer de viver comendo menos e comendo bem.

  5. Larissa Portela disse:

    Gente, é muito complicado esperar que uma pessoa consiga emagrecer somente mudando seu pensamento. Geralmente ela levou a vida inteira para adquirir os maus hábitos alimentares e/ou as questões emocionais que as leva a "compensar" com a comida. Nesses casos não vai ser um simples "comando" que vai resolver tudo. A força de vontade depende de muita coisa, não é somente dizer a si que se quer algo. O suporte social é necessário, mudanças no ambiente onde se está inserido, nos hábitos alimentares, suporte psicológico e médico especializado, prática de exercício físico e etc. Cada caso é um caso e somos seres complexos demais para que a questão do emagrecimento seja simples assim. =)

  6. Cintia disse:

    Se emagrecer fosse fácil, NÃO EXISTIRIAM GORDOS NO MUNDO!!!! A Anvisa não enxerga isso? Os remédios serão substituidos por apoio psiquiatrico e psicológico??? Dúvido.

  7. Cristiane disse:

    Faço o uso da Sibutramina e já consegui eliminar muitos quilos que ganhei durante a gestação, e me sinto muito bem sem nenhum efeito colateral, é muito dificil uma pessoa emagrecer sem a ajuda de um remedio , é muito facil as pessoas falarem assim "façam atividade fisica e comam coisas saudaveis" Haaa gente fala serio não vamos ser Ipocritas NINGUEM CONSEGUE EMAGRECER SEM REMEDIO , essa é a verdade !! e muita gente não assume isso . O remedio é otimo e na minha opimião é a melhor maneira de perder peso sem tanto sofrimento porque ele tira a fome e vc come pouco .

  8. […] polêmicas com a sibutramina (incluindo uma tentativa de proibir sua venda no Brasil) e com vários remédios para emagrecer, era de se esperar que não surgissem novos medicamentos do gênero no mercado […]

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