Sim. Eu gostei de Batman vs Superman!
Publicado em 29 de março de 2016
Cansei de fazer textões comentando política e economia. Resolvi falar sobre algo muito mais importante, relevante e polêmico: o filme “Batman vs Superman”.
Como o texto é longo, farei um resumo para aqueles que não têm paciência de ler e querem apenas me xingar porque discordam de mim: eu gostei do filme. Fui pro cinema com expectativas baixíssimas e sai de lá feliz e empolgado ao presenciar o encontro de dois dos meus heróis favoritos. Foi basicamente a mesma sensação que tive quando assisti ao primeiro Vingadores. Minha nota é 8,5 sem medo.
Pronto. Quem queria só brigar pode parar por aqui, aos demais eu convido que leiam este texto enorme e cheio de spoilers. Caso não tenha visto o filme ainda, recomendo deixar pra fazer isso depois porque não quero estragar a surpresa de ninguém.
PONTOS FORTES:
– Batman/Bruce Wayne
Aposto que Christian Bale está encolhido em posição fetal em algum canto da casa dele depois de ter assistido Ben Affleck dar vida ao melhor Batman já feito no cinema! O personagem tem a neurose e violência que Frank Miller definiu como parte da sua personalidade, ao mesmo tempo em que conduz investigações e se infiltra em lugares para conseguir informações. Nada mais apropriado para o MAIOR DETETIVE DO MUNDO, uma faceta do personagem que sempre foi ignorada nos filmes anteriores.
Este Bruce Wayne é inteligente, sabe usar seu charme, pega mulheres (e não Robins), bebe feito gente grande, é forte pra caralho, luta como poucos, tem um arsenal absurdo de gadgets, conta com seu fiel escudeiro Alfred e sempre tem um plano pra tudo. Sempre!
Achei a Bat-Caverna muito foda e curti demais o fato de Bruce viver numa mansão moderna e não naquele mausoléu que era a casa dos pais dele. Gostei também da maneira como a origem dele foi introduzida. Todo mundo já conhece essa história, a gente não precisava de outro filme que leva 50 minutos até o sujeito virar o Batman. Ele já é o Batman e pronto. Vamos logo pra história.
– Mulher-Maravilha
Mesmo aparecendo pouco no filme, Diana merece destaque porque sempre que surge na trama, as atenções se voltam pra ela. Se eu já havia achando muito legal acompanhar a sua identidade civil investigando Lex Luthor e disputando provas com o Batman, vibrei no cinema na hora em que ela coloca a sua armadura e parte pra porrada! Uma guerreira nata, enfrentando um vilão monstruoso e levando a melhor não apenas na força bruta e sim na técnica de luta.
Estou ansioso para vê-la em outros filmes, especialmente porque senti um climazinho no ar entre Diana e Bruce e adoraria ver de que maneira isso será conduzido no futuro.
– Cenas de ação
As cenas de luta são absurdamente bem feitas. Grandiosas. Trágicas. Intensas. Isso não é um filme colorido da Marvel (que eu gosto também, podem guardar suas pedras). Essa é a DC Comics com seus personagens que são quase divindades. Quando Deuses se enfrentam, nada mais justo do que destruir o mundo no processo. É uma coisa meio catártica. Tipo assistir filmes de catástrofes ou as porradarias dos Transformers.
A luta entre Batman e Superman é tão maravilhosa que nem sei se consigo descrever tudo que senti. Tivemos a representação nas telas de sequências clássicas dos quadrinhos. O pequeno nerd que ainda vive em meu coração quase foi a loucura! E cá pra nós, eu nunca tive dúvidas de quem venceria essa batalha.
PONTOS FRACOS:
– Superman
Assim como não gostei do Henry Cavill em “Man of Steel”, não curti a participação dele neste filme. Obviamente ele é um ator muito melhor do que o fraquíssimo Brandon Routh em “Superman – O Retorno”, mas ainda assim não foi o bastante pra me convencer.
Não sei se Cavill não tem carisma ou apenas não sabe dar vida a um personagem tão complexo quanto o Superman, mas ele ainda não me ganhou. Mesmo sendo o grande herói que salva o mundo dando a sua vida, ele foi incapaz de me emocionar. A morte do herói já era previsível pra qualquer leitor de quadrinhos e, por mais legal que tenha sido a cena da batalha, não conseguiu me arrancar nem uma lágrima.
– A falta de surpresas no enredo
A história é basicamente aquela que você vê nos trailers. Não existe nenhuma reviravolta ou surpresa. O tempo inteiro você sabe o que está acontecendo e o que vai acontecer na sequência. Acho que nem o espectador civil, que jamais leu um gibi na vida, seria capaz de se surpreender com alguma coisa neste filme. Não que isso impeça alguém de se divertir, visto que muitos filmes sensacionais são completamente previsíveis, mas ainda assim muito legais.
– Os sonhos/visões dos personagens
Eu entendo a importância desses sonhos/visões para o filme. Elas tornam a primeira metade da película menos arrastada ao mesclar umas cenas de ação no meio da apresentação da trama e ainda dão uma pincelada sobre todo o universo que está se abrindo diante dos nossos olhos. Por mais que eu tenha adorado ver o Batman lutando contra parademônios, a verdade é que essas cenas não acrescentam nada à trama. Talvez, se elas tivessem sido cortadas, o filme ficaria mais enxuto e teria bem menos gente reclamando por aí.
COISAS QUE NÃO ME INCOMODARAM:
– Lex Luthor
Vi muita gente dando chilique dizendo que aquele cara não era o verdadeiro Lex Luthor e tal. Pra essas pessoas eu tenho uma pergunta: qual é o verdadeiro Lex Luthor? O cientista maluco que usa uma armadura verde? O empresário inescrupuloso que lembra muito o Rei do Crime? O bon vivant que queria mesmo era pegar a Lois? O gordo excêntrico que está interessado apenas em ganhar dinheiro vendendo terrenos? O moleque mimado que culpa o Superman por ter ficado careca? O adolescente raivoso que não sabe se deve ser bom ou mau?
São tantas versões do personagem que eu não tive problema algum em aceitar essa nova interpretação de Lex: um cientista maluco que odeia o Superman, precisa ser grandioso para fazer jus ao legado do pai e no final fica careca. É basicamente uma junção de tudo que relatei no parágrafo acima.
– As motivações dos personagens
Outro mimimi recorrente dizia que todas as motivações estavam forçadas. Sério? Tu fala isso de um filme de herói? Eu poderia ficar aqui listado todas as motivações furadas de diversos filmes que a nerdaiada adora, mas vou preferir apenas discutir os dos personagens aqui apresentados mesmo.
BATMAN é um cara neurótico e que sempre está pronto para tudo e todos. Tem um arco muito legal da Liga da Justiça em que todos os heróis são derrotados porque um vilão consegue roubar os arquivos do morcegão ensinando como vencer cada um. Ele é assim. Um cara que quer estar sempre no controle e que sabia que seria a única pessoa capaz de controlar a “ameaça alienígena”. Pra completar, ele é um personagem mais velho, que combate o crime há 20 anos e tá de saco cheio das coisas. Sua falta de paciência e cuidados é perfeitamente plausível quando você sabe que não terá muito mais tempo por aqui.
SUPERMAN é um bebê chorão. Por mais que ele seja chato nos quadrinhos, nesta nova roupagem criada em “Man of Steel” ele ficou ainda mais insuportável. Dentro deste contexto, é aceitável aquela coisa de criança birrenta que exige que os outros heróis sejam iguais a ele. Inclusive existem histórias em quadrinhos com discussões assim entre o azulão e o Batman que deixam claro esse pensamento: o meu jeito é o único que está certo. Pra encerrar, mesmo estando acuado depois do plano de Lex para desmoralizá-lo, ainda assim ele só parte pra briga com Bruce porque a vida da sua mãe depende disso.
LEX LUTHOR odeia o Superman. Isso é uma constante em todas as versões do personagem. Ele simplesmente odeia. Pode ser porque o azulão virou o astro de Metrópolis, pode ser porque Lex perdeu seus cabelos num acidente envolvendo kriptonita, pode ser porque ele sente ciúmes da Lois Lane. O fato é que Luthor sempre odiou Kal-El e fez de tudo para derrota-lo. Simples assim.
– Batman assassino
Acho que vi mais gente reclamando do Batman matar pessoas neste filme do que do Superman ter quebrado o 
pescoço de Zod em “Man of Steel”. Acho que nem todo mundo entendeu que algumas cenas eram sonhos e que Bruce não usou uma metralhadora para matar um monte de gente (e parademônios) naquela cena do deserto.
Ao longo da história vemos o Batman pegando pesado com os vilões e certamente vários deles morrem no processo, bem como outros tantos morreram nos filmes do morcegão interpretado por Bale, Clooney, Kilmer e Keaton. Eu diria que o Batman leva a sério aquele ditado popular: “quem mata é Deus, eu só faço os furos”.
Inclusive na cena em que ele vai salvar a mãe do Clark, Batman poderia ter atirado na cara do sujeito, mas preferiu disparar contra o tanque de combustível e deixar a vida seguir seu curso. Quem reclama da matança neste filme não poderia jamais aceitar o que o personagem faz em “Batman Begins”, por exemplo.
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Se você chegou até aqui, só queria dizer que me diverti tanto no filme que vou até assistir de novo, só que desta vez em IMAX. ;-)
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