Largue a calculadora e pegue a fita métrica

Brunno Elias
@brunnoelias

Publicado em 24 de junho de 2010

Você já deve estar acostumado a informar seu peso corporal e na, sequência, comentar sobre o Índice de Massa Corporal (o famoso IMC, que é calculado dividindo seu peso pelo quadrado de sua altura).

Porém, o IMC pode não ser algo tão confiável como se acredita. Quem afirma isso é Fabiane Rezende, mestre em Ciência da Nutrição e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que, juntamente com sua equipe, publicou um estudo sobre o assunto na Revista Brasileira de Medicina do Esporte.

A pesquisa foi feita com 98 homens entre 20 a 58 anos. Os participantes passaram por avaliação de peso corporal, altura, circunferência de cintura e do quadril, além de ter a composição corporal (percentual de gordura) avaliada por bioimpedância elétrica tetrapolar (teste no qual é emitida uma leve carga elétrica e mensurada a resistência que a mesma sofre para chegar aos receptores).

Ao se utilizar IMC, foi identificado sobrepeso em 36,7% dos participantes (IMC maior ou igual a 25). Já utilizando a avaliação da circunferência, 18,4% possuíam obesidade abdominal (quando a medida é igual ou superior a 94cm). O IMC representa a distribuição de peso por metro quadrado (o quanto você pesa distribuído na sua altura), enquanto que a circunferência de cintura foi aferida na menor curvatura abaixo da última costela.

O IMC foi eficaz em identificar os indivíduos realmente obesos, mas teve baixa capacidade de predição em indivíduos com obesidade abdominal, aquela em que a concentração de gordura acontece na região do ventre e não com distribuição de gordura pelo corpo todo. Já a circunferência de cintura mede diretamente a região e conseguiu predizer os quadros com alta concentração de gordura.

Em entrevista ao Papo de Gordo, a autora afirmou que o IMC tem sido bem aplicado em estudos epidemiológicos com foco em sobrepeso e obesidade, mas para avaliação clínica ou mesmo com característica mais individual o método deve ser complementado por outras avaliações.

Fabiane afima que “o IMC, do ponto de vista populacional, tem sido bastante utilizado em estudos epidemiológicos devido sua boa sensibilidade para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade. Em relação ao uso do IMC para a avaliação individual, existe consenso de que o diagnóstico deve ser realizado com medidas complementares, como avaliação da composição corporal por meio de pregas cutâneas, por exemplo, e utilização de circunferências corporais, como cintura e quadril”.

Para prescrição de exercícios, análises para reeducação alimentar ou na consulta com seu médico, a aferição da circunferência de cintura acaba sendo a melhor opção. Para a autora, o profissional deve optar por uma metodologia de avaliação válida, mas adotar postura crítica na análise dos resultados, já que vários fatores podem influenciar os resultados (edema, retenção hídrica no período menstrual, roupas que alteram a distribuição do peso corporal).

Além disso, a pesquisadora lembra que “outras limitações do IMC têm sido discutidas, como a utilização de pontos de corte iguais para homens e mulheres, que sabidamente possuem padrões de composição corporal diferentes e aplicação de pontos de corte para uma faixa etária de amplitude elevada, 20 a 60 anos. Sabe-se que com a avançar das décadas ocorrem modificações da composição corporal decorrentes de alterações fisiológicas do envelhecimento”.

Nenhuma das técnicas apresentadas deve ser aplicada de forma isolada, mas sim com o objetivo de complementar as informações que fornecerão bases a atuação do profissional. Como o indivíduo aparentemente saudável pode apresentar IMC abaixo do nível de obesidade, mas demonstrar alterações importantes no funcionamento metabólico do organismo, a autora indica a adoção desse comportamento como uma forma de potencializar o tratamento.

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Fonte:
Aplicabilidade do índice de massa corporal na avaliação da gordura corporal

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2 respostas para “Largue a calculadora e pegue a fita métrica”

  1. k disse:

    acho que o imc serve de uma maneira mais geral pra pessoa depois pensar em procurar um médico. pode ser um alarme. no entanto, essa coisa de falarem só em imc pode até esconder gente com síndrome metabólica, mas com imc dentro do considerado normal (vai que a pessoa tá perdendo músculo e ganhando gordura?). texto interessante. aliás, se fizerem cálculo de imc em gente que malha pesado, um monte de gente magra e saudável vai ter sobrepeso. távamos rindo sobre isso na academia dia desses. o instrutor falando que, segundo o imc dele, ele tá gordo.

  2. Ramon disse:

    Eu li sobre essa questão de IMC e já sabei que não é a forma mais correta, existe algumas limitações sobre o IMC entre elas uso em crianças e em atletas.

    Só a titulo de conhecimento, quem criou o IMC era um estatístico e matemático que na época queria fazer um dado estatístico de uma cidade pra saber o peso dos habitantes com referencia em sexo, idade e medidas. Já da pra tirar umas conclusões.

    Obs: recomendo falar também sobre Pressão Cardíaca, essa é outra medida que já está sendo questionada e logo haverá mudanças.

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