A alimentação teria relação com a inteligência?

Larissa Portela
@larisportela

Publicado em 15 de março de 2011

Um estudo divulgado no Journal of Epidemiology and Community Health, da Associação Médica Britânica (BMA), relacionou dietas baseadas em junk food ao Q.I. (quociente de inteligência) baixo. Porém, apesar de ter acompanhado os hábitos alimentares de 14 mil pessoas – nascidas entre 1991 e 1992 – e de estar sendo aclamado como o mais abrangente do tipo, é preciso ter cuidado ao fazer esse tipo de relação.

Leia o texto abaixo e saiba porquê.

O que são testes de Q.I.?

Testes de Q.I. são instrumentos psicológicos utilizados para avaliar diversas dimensões das habilidades das pessoas que, em seu conjunto são chamadas de inteligência. As versões atuais abarcam questões que dizem respeito às capacidades cognitivas (memória, raciocínio, concentração, atenção, entre outros) e motoras das pessoas.

Porém, ainda que as versões mais atualizadas sejam mais abrangentes, não existem testes de Q.I. que possam aferir a inteligência de forma completa. Para que essa avaliação total seja aproximada, é preciso que se utilize outros instrumentos auxiliares, como entrevistas psicológicas, testes verbais, entre outros.

Então o que há de errado com o estudo?

A pesquisa publicada acompanhou crianças ao longo de seus três, quatro, sete e oito anos e meio de idade. Os pais tinham de preencher um questionários acerca do padrão alimentar de seus filhos, sendo que três grupos alimentares foram selecionados de acordo com as respostas:

Grupo 1: Rico em gorduras processadas e açúcar;
Grupo 2: Dieta “tradicional” com base em carne e vegetais;
Grupo 3: O dito saudável, com muita salada, frutas e vegetais, além de macarrão e arroz.

Ao final do estudo, o Q.I. dos participantes foi verificado por meio de um teste. As crianças que consumiam grande quantidade de comida processada apresentaram um Q.I. em torno dos 101. Já entre as que eram alimentadas de maneira saudável, o Q.I. médio foi de 106.

Essas conclusões podem ser questionadas, principalmente se prestarmos atenção na diferença pouco significativa entre os grupos.

Alimentação não é única responsável pelo Q.I.

Somente com o teste de Q.I. não é possível determinar que a alimentação seja necessariamente o fator responsável pela diferença de valores apresentada pelos grupos. Outros fatores podem influenciar, como educação, escolaridade, presença de psicopatologias infantis e ambiente familiar.

Além disso, seria importante apresentar dados relativos ao Q.I. das crianças antes do início do estudo. Dessa maneira, seria possível conferir se os que foram posicionados no grupo 3 já não apresentavam índices mais elevados anteriormente.

Também,  o padrão alimentar dos pequenos deveria ter sido aferido antes do estudo ser iniciado. Isso para garantir que aquilo que ingeriram foi responsável pela diferença nos resultados.

Ao que tudo indica, os pesquisadores precisariam ter tomado mais cuidados para então poder fazer tal afirmação, tendo em vista o número de fatores que podem influenciar seus resultados.

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Fonte: Estudo relaciona dieta de ‘junk food’ a Q.I. baixo

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4 respostas para “A alimentação teria relação com a inteligência?”

  1. Mi disse:

    Belo texto, bem vinda!

    Abração!

  2. Ledark disse:

    Eu acho que a alimentação tem relação com a inteligência sim, mas não como avaliado na pesquisa;

    as pessoas inteligentes de verdade são aquelas que tem bastante conhecimento das coisas. Conhecer vários tipos de comida e as melhores combinações das mesmas é prova incontestável da inteligência! hehe

  3. Rafa disse:

    Vai me dizer agora que gordura entope sinapse? Põe o neurônio para malhar então!

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