Nanofábrica no corpo humano sintetizará medicamento direto no órgão alvo

Vinicius Tapioca
@DrTapioca

Publicado em 03 de maio de 2012

Há tempos já se fala em nanorobôs e seu uso na medicina, seja reparando tecidos danificados ou limpando as artérias da gordureba que enfiamos lá durante anos. A novidade agora são nanofábricas que inseridas no corpo humano poderiam produzir medicamentos diretamente no local onde eles são necessários.

A ideia de criar essas fábricas veio da necessidade de usar drogas à base de proteína no tratamento do câncer, sem que eles se degradassem antes de atingir o órgão-alvo. Nosso corpo é riquíssimo em proteínas e existem diversas enzimas e reações químicas naturais do organismo que acabam quebrando essas proteínas em suas partículas menores, os aminoácidos, assim que elas entram em contato com o sangue. Pensando nisso, o pesquisador Avi Schroeder e sua equipe do MIT criaram uma nanopartícula capaz de ser introduzida no corpo humano e, a partir daí, após ser ativada por luz ultravioleta, produzir compostos proteicos sob demanda diretamente nos locais onde esses devem agir. Pode parecer incrível ter uma fábrica de proteínas dentro do nosso corpo, mas na verdade todas as células humanas já fazem isso.

Revisão da aula de biologia que você dormiu e não entendeu nada: o DNA da célula é usado como base para produzir uma partícula de RNA mensageiro (mRNA) que nada mais é que uma sequência codificada de aminoácidos. Saindo do núcleo da célula e chegando ao citoplasma o mRNA encontra o ribossomo que traduz a sequência e sintetiza a proteína desejada.

É muito simples, o DNA é o engenheiro que faz o projeto, o mRNA é o mestre de obras que explica o projeto para o pedreiro (ribossomo) que é quem transforma o que está no papel em realidade. Só para você ter uma ideia de como isso é comum, os hepatócitos (células funcionais do fígado) produzem diariamente toda albumina do nosso corpo, por isso pessoas com cirrose hepática tem “baixa de proteínas” e precisam tomar plasma humano.

Sabendo disso os pesquisadores do MIT projetaram uma fábrica com os mesmos componentes das células: lipídios (para a membrana externa), uma mistura de ribossomos, enzimas e aminoácidos (necessários para a síntese proteica) e sequências de DNA com o código da proteína desejada.

Esse DNA, no entanto, é inserido bloqueado por composto químico chamado de DMNPE que se liga reversivelmente a ele, evitando a ativação prematura da fábrica. Dessa forma, quando a produção se fizer necessária, basta expor a nanopartícula à luz ultravioleta, desconectando o DMNPE e liberando o DNA para que se inicie o ciclo de fabricação de proteína.

Tudo isso é muito novo, ainda tem muito que avançar e muitos detalhes a serem observados, porém os testes em camundongos se mostraram bastante promissores e espera-se que um dia seja possível fabricar drogas anticancerígenas à base de proteínas tóxicas não só para o câncer, mas também para células saudáveis, o que impede seu uso de forma sistêmica, mas se produzidas diretamente dentro do tumor, seriam evitados efeitos colaterais nas outras células.

Fonte:
Nano-sized ‘factories’ churn out proteins

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