Guia de sobrevivência em praças de alimentação

Lucio Luiz
@lucioluiz

Publicado em 13 de novembro de 2012

Gordo de Raiz, por Lucio Luiz

Uma batalha sem fim e sem piedade por um cantinho tranquilo para comer seu alimento conquistado após muito sacrifício. Essa frase vale para as leoas que comem sua simpática gazela destroçada, mas é muito mais coerente quando falamos de uma praça de alimentação de shopping nas horas de pico!

São dezenas (muitas vezes centenas) de pessoas equilibrando suas bandejas com os mais variados alimentos sólidos e líquidos, tentando conseguir uma mesa livre (ou pelo menos uma cadeirinha) para saborear seu almoço, lanche ou janta (ou tudo misturado, vai de cada um). Só quem já enfrentou esse ambiente feroz sabe como a humanidade pode ser cruel.

Pra começo de conversa, vamos esclarecer uma coisa logo de cara: Se você está em grupo no shopping e resolveu ficar guardando lugar para só comprar seu lanche quando os outros chegarem, você é muito, mas muito mal-educado. E não adianta argumentar que todo mundo faz isso e que não está atrapalhando ninguém, já que você está sendo responsável por ocupar a mesa por muito mais tempo do que ocuparia se não agisse assim.

Matemática simples: Vamos supor que você leve uns 15 minutos na fila para comprar seu hambúrguer mega duplo com guaraná zero. Depois, fica outros 15 minutos saboreando o ditocujo (só pra simplificar a conta). Isso significa que você ocupou a mesa por apenas 15 minutos (o tempo de comer o lanche). Agora, se alguém ficou sentado guardando seu lugar e só entrou na fila depois que você chegou, a mesa ficou ocupada por 45 minutos (15 minutos em que você estava na fila + 15 minutos de você comendo o lanche enquanto a outra pessoa estava na fila + 15 minutos dessa outra pessoa comendo).

E mesmo que uma pessoa compre o lanche da outra, ainda assim o uso da mesa fica em 30 minutos (o dobro do que seria normalmente). Pior: dependendo do tempo que a fila estiver demorando (o que, nos horários de pico, pode ser bem mais do que o tempo que se leva comendo), isso pode aumentar de forma absurda.

Ou seja: Uma mesa “guardada” que poderia ter servido a duas ou três “comidas de lanche”, ficou com uma só. E isso atrapalha a vida de todo mundo. Eu já cheguei a estar numa praça de alimentação e ver mais mesas ocupadas por crianças olhando para o nada, velhinhos sem porvir e bolsas de liquidação do que por gente comendo. Minha macarronada conseguiu esfriar antes de eu arrumar um lugar para sentar.

Sem contar que há shoppings nos quais as cadeiras não são fixas, o que faz com que algumas pessoas catem os assentos das outras mesas para apoiarem suas bolsas gerando uma bizarra condição de mesas livres sem cadeiras. Já tive que comer em pé numa situação dessas porque uma moça se recusou a colocar uma sacola no chão.

Como você, querido leitor do Papo de Gordo, certamente é uma pessoa de bem e não guarda lugar… cof… cof…, preparamos umas dicas para conseguir sentar e saborear sua saladinha light coberta com bacon.

Em primeiro lugar, faça igual a quando estamos em um estacionamento lotado: Se posicione próximo a quem esteja quase acabando de comer. Se for o caso, fique olhando para as pessoas. Muito provavelmente elas vão apressar sua alimentação, já que fatalmente acharão que você vai querer roubar o lanche delas.

Se isso não der certo e o casal apaixonado ou as amigas fofoqueiras resolverem ficar papeando depois de terminarem de comer a última fatia de berinjela refogada, sempre há a possibilidade de você se aproximar e perguntar na cara-de-pau se já estão saindo. Na pior das hipóteses, você vai levar um fora, mas isso só vai lhe dar margem para o último movimento do jogo de xadrez da praça de alimentação: Começar a comer.

Claro que tudo depende do que você tem em mãos, mas virtualmente todos os alimentos de shopping podem ser saboreados apoiando-se a bandeja com uma das mãos e tendo apenas um braço livre. Fique perto da mesa que você deseja e vai comendo de forma bem displicente sua batata inglesa ou o frango à milanesa. Se for algo que precisa ser cortado, vai com os dentes mesmo, que faca é para os fracos. De preferência, não tome nenhum cuidado com farelos e afins. Cedo ou tarde, a mesa estará livre, se não por pena pelo menos por nojo.

Caso você fique com vergonha, só resta ficar atento ao movimento das mesas e correr. Mas, aviso logo: É fundamental estar preparado para uma corrida contra a morte! Assim que uma mesa fica vaga, centenas de pessoas com e sem bandejas partem em disparada e não querem nem saber se você está de olho há mais tempo. É praticamente um simulacro da luta pela vida na Pré-história.

Porém, tudo pode ser resolvido com uma simples atitude, que vai lhe garantir um bom lugar para comer de forma extremamente confortável: Entre na fila de seu restaurante ou lanchonete favorito, peça seu prato do dia completo com adicionais, mande embrulhar para viagem, vá ao cinema e se farte de arroz, feijão, picanha e batata frita enquanto assiste a um bom (ou mau) filme. E não esqueça da pipoca para sobremesa.

Tá bom, isso é falta de educação com seus “vizinhos” da sala de cinema, mas, pô, não foi você quem começou!

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4 respostas para “Guia de sobrevivência em praças de alimentação”

  1. Ricardo disse:

    Bem… Comida de shopping é quase tudo uma merda mesmo, qualquer coisa que se sirva em bandejas geralmente é ruim.

  2. Emerson disse:

    Como gordo alfa já fiz isso de começar a comer ao lado de uma mesa onde o pessoal já havia comido, mas estavam todos de bate papo numa praça de alimentação hiper lotada. Aproveitei e soltei um belo arroto de refrigerante. Consegui a mesa e, ainda dividi com uma senhora que chegou logo depois (lógico que, a partir desse momento, meus bons modos voltaram à tona). Guerra é guerra!

    Mas confesso que, qdo levo meus pais pra passear, eu guardo a mesa nas RARÍSSIMAS vezes em que comemos em praça de alimentação de shopping.

  3. […] Crônica originalmente publicada em 13 de novembro de 2012 no Papo de Gordo. […]

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