Apenas um sonho

Vinicius Tapioca
@DrTapioca

Publicado em 10 de maio de 2019

#PraCegoVer

O texto foi transformado em imagem para que não fosse perdida a sua forma. Este é o poema completo:

Oh
que
bela
dama
que surge
por trás da bruma!
Olhar tristonho e rosto
encoberto por uma névoa
onírica, parecendo um sonho.
Ao me ver, seus olhos acendem
como estrelas no céu, iluminando o
rosto largo, sorriso cativante, desfazendo
o véu. Lábios grossos me convidam a beijá-los.
Lentamente se aproxima, mostrando suas formas: pernas
grossas, seios fartos, desejo tocá-los. Alisar a sua pele é como
acariciar as nuvens, suave como algodão. Seu beijo, como um bálsamo
inebriante, me anestesia o corpo e aquece o coração. A temperatura sobe e
nossos corpos se fundem como um. Desafiando Newton e suas leis, flutuamos na imensidão.
Sentimentos se misturam, desejo, prazer, delírio e paixão. Giramos em nosso eixo, o universo nos orbita.
Corações em ritmo frenético, mãos que deslizam num balé incansável, gemidos, suspiros, tremores e ela grita.

Acordo assustado, confuso, perdido, desorientado. Olho em volta à procura dela e não a vejo. Teria eu sonhado?
Pulso ainda agitado, tento entender o que ocorreu. Aquela bela dama de lábios grossos, só um sonho meu.
Angustiado por ter despertado, tento me acalmar, preciso sair desse mundo, dormir e voltar a sonhar.
Respiro fundo para frear o coração. Fecho os olhos e me vem sua imagem, mesmo sem visão.
Ajeito-me na cama, queria que os lençóis tua pele fosse, queria sentir de novo a intensidade
do teu beijo doce. Ouvir-te sussurrar de prazer no meu ouvido, tua respiração ofegante,
teu gemido. Nossas carnes misturadas de novo ao véu do sonho. Oh, Morfeu, por
favor, escute a barganha que te proponho. Toma de mim tudo que for matéria.
Desfaz-me da forma real, leva-me a teu reino, livra-me da miséria. Não há
nada que me encante no mundo físico. Devolva pra mim aquele anjo,
aquela deusa. Sem ela não há vida, me falta ar, morrerei tísico.
Os bocejos me trazem alegria, a cabeça pesada, o corpo
dormente. Esqueço-me da cama vazia. Deixo-me
levar pelo embalar do sono, o grande Hipnos
me observa do seu trono. Olho ardendo
da areia mágica, livra-me da realidade
trágica. Agora vou ao teu encontro
pois sei que serás sempre
assim: um sonho
pra mim.

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